Série #NossosTalentos | Noite das EstrelasJosé Batista Junior, viola

Dias 8 e 9 de outubro, na Sala São Paulo, o Mozarteum encerra sua programação de 2018 com os concertos Noite das Estrelas. Em cena, acompanhados da Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro, sob regência de seu maestro titular, Carlos Moreno, estarão 12 jovens solistas brasileiros com carreiras promissoras, que em algum momento foram impulsionadas pelo Mozarteum. Vale a pena conhecê-los: são novos talentos que despontam inclusive na cena internacional, comprovando a potência musical brasileira.

José Batista Junior, viola

Ele nasceu na capital paulista, em 30 de dezembro de 1989. Ao fazer sua opção pela música recebeu apoio total da família. Hoje José Batista Junior exibe experiências relevantes: é o Primeiro Viola da Israel Chamber Orchestra, em Tel Aviv, onde mora há seis anos. Já se apresentou com uma sumidade da regência – o maestro Zubin Mehta em concertos da famosa Orquestra Filarmônica de Israel – e está se preparando para novos voos, desta vez na Alemanha. Os concertos Noite das Estrelas serão seu reencontro com o Brasil e a oportunidade de apresentar o alto padrão artístico que lhe dá desenvoltura, atualmente, para atuar no competitivo cenário europeu da música.

Momento atual:

“Comecei a tocar na Israel Chamber Orquestra dois anos atrás. De início toquei como músico substituto e depois de um ano fui convidado para ser o Primeiro Viola. Tem sido uma experiência muito boa porque em uma orquestra de câmara todos os instrumentos ficam bem mais expostos do que em uma orquestra sinfônica. Tenho convite para continuar na orquestra, mas como já morei seis anos em Israel agora quero buscar novos desafios. Por isso, estou me mudando para a Alemanha, para iniciar meu mestrado na HFMDK Frankfurt University of Music and Performing Arts, na classe de Ingrid Zur.”

Como tudo começou:

“Minha mãe sempre cantou na igreja e, com o passar do tempo, eu sempre estive rodeado de música. Com oito anos já tocava violão, bateria, sempre gostei muito de música, até que vi uma orquestra tocar e me apaixonei pelos instrumentos de cordas. Aos 12 anos eu já era alto, então me sugeriram tocar viola, que é um pouco maior do que o violino. Desde então, nunca mais parei.”

Compositores preferidos:

“Gosto muito de Mozart porque ao mesmo tempo que você sente a simplicidade da música também é possível sentir a genialidade nas suas composições. E, definitivamente, Gustav Mahler, pelas grandiosas obras orquestrais que ele compôs.”

Música no Brasil:

“O grande desafio no Brasil talvez seja a cultura. A música clássica não tem tanto espaço e oportunidades como em outros países da Europa. Minha maior vontade, quando voltar para o Brasil, é poder ensinar o que eu aprendi com grandes professores durante esse tempo morando fora. Mas, por enquanto, ainda não penso em voltar a morar no Brasil.”

Olimpo:

“Um dos momentos mais marcantes para mim foi tocar na turnê da Orquestra Filarmônica de Israel em Atenas, na Grécia, com o maestro Zubin Mehta regendo a Sinfonia nº 2 de Mahler. Foi realmente um momento inesquecível.”

Treino diário:

“É preciso muita disciplina para tocar instrumento de cordas com alto nível. Normalmente estudo cinco horas por dia, no mínimo.”

Violino ou viola?:

“Esteticamente, o violino e a viola são muito parecidos e, muitas vezes, a viola é confundida com o violino. Mas, pela sonoridade, é possível distinguir cada um facilmente. A viola tem uma sonoridade mais grave.”

Noite das Estrelas:

“Os concertos Noite das Estrelas representam uma iniciativa muito importante para músicos que moram fora do Brasil. É a chance de mostrar nosso trabalho no País e reconhecer a importância de uma organização como o Mozarteum, que cria possibilidades para que músicos brasileiros tenham experiências em outros lugares do mundo.”

Suíte de Bloch:

“A peça que vou tocar em Noite das Estrelas – a Suíte Hebraica – foi composta por Ernest Bloch em 1951 para uma sociedade judaica que, na ocasião, estava organizando um festival em celebração ao aniversário de 70 anos do compositor. Bloch queria expressar a cultura judaica através de sua música, transcrevendo-a por meio de diversas composições. Ao tocar esta belíssima obra para viola e orquestra eu também quero mostrar o quanto aprendi sobre essa cultura fascinante.”

Experiência com o Mozarteum:

“A partir de 2010 participei de diversas masterclasses oferecidas pelo Mozarteum. São aulas que me ensinaram muito e, o mais importante, me mostraram a diferença de nível da música clássica praticada fora do Brasil. Estas experiências fortaleceram meu sonho de estudar em outro país. Em 2010 fui aprovado na Buchmann-Mehta School of Music, de Tel Aviv,  para fazer o bacharelado com bolsa integral e naquele momento eu não tinha condições para comprar minha passagem aérea. Tive a oportunidade de encontrar com Sabine Lovatelli e contei a minha situação. Com muita generosidade, Sabine resolveu me ajudar com o custo das passagens aéreas por dois anos. Durante meu último ano do bacharelado surgiu a oportunidade para uma bolsa na Deutsches Symphonie Orchester Berlin através do Mozarteum, eu mandei a gravação e fui aprovado. Tocar nesta orquestra, que é uma das melhores da Alemanha, me fez crescer muito como músico e me deu muita experiência.”