Série #NossosTalentos Havilá Porto, 19 anos, soprano, de Londrina (PR)
A partir de hoje vamos destacar novos talentos da cena musical brasileira, que merecem nossa atenção. Nossa primeira convidada – a soprano Havilá Porto – nos conta um pouco de sua relação com a música. No Canto em Trancoso 2018, Havilá foi selecionada para o curso que a Chorakademie Lübeck realizará na Eslováquia, em 2019.
Havilá Porto, 19 anos, soprano, Londrina (PR)
O que te motiva na carreira musical?: “Minha principal motivação vem do desejo de gerar algum tipo de comoção, os mais diversos sentimentos nas pessoas através da voz. A possibilidade de dar vida a uma partitura é algo que realmente me impulsiona a estudar e me inspira a cantar”.
Um desafio: “Meu principal desafio sempre foi comigo mesma, pois sou tímida e já fui muito mais no passado. Cantar sempre foi também um modo de romper esse ciclo, me expor, sair da minha zona de conforto e descobrir que consigo sobreviver muito bem fora dela”.
Um sonho: “O maior deles é ter a oportunidade de ingressar em uma instituição de ensino de música. Outro é que, um dia, a música no Brasil seja reconhecida como trabalho e não como mero entretenimento. Mas também vejo crescer em mim um sonho ainda tímido de viajar pelo mundo, visitar muitos teatros e interpretar papeis em óperas”.
O fascínio da música: “O que me fascina na música é seu caráter unificador, sua capacidade de emocionar, impactar, contar uma história e conectar todas as pessoas, sem distinção de raça, sexo, cor, língua, opinião política, nacionalidade ou condição socioeconômica”.
O que é música para você?: “Sempre foi minha paixão, uma ponte entre a lógica e a imaginação. A música é extremamente lógica como registro escrito, mas quando interpretada mostra seu caráter mágico”.
Algum ritual antes de se apresentar no palco?: “Algo incomum que faço antes de entrar no palco ou quando estou muito ansiosa é começar a contar o número de lâmpadas do espaço cênico. Acreditem: eu sei o número de lâmpadas de cada palco onde já cantei”.
O que é fazer música no Brasil?: “Sem sombra de dúvidas é um grande desafio, especialmente para quem se interessa por gêneros musicais que fogem do popular. Gêneros como o clássico são muitas vezes taxados como algo arcaico por aqueles que nunca tiveram contato real com esta arte. Também lidamos com o triste fato de existirem poucas universidades com um ensino superior digno, sendo que a maioria delas está concentrada somente nas grandes capitais”.
Sua experiência com o Mozarteum Brasileiro: “Gostaria de salientar a importância de projetos como o Canto em Trancoso, criado pelo Mozarteum Brasileiro em parceria com a Chorakademie Lübeck, da Alemanha, do qual participei. Canto em Trancoso tem como objetivo produzir, valorizar e difundir a arte e a cultura, incentivando jovens músicos como eu a persistir em seus estudos e carreiras artísticas, enquanto o mundo cada vez mais tem a tendência de suprimir jovens talentos por falta de incentivo e apoio. Sou grata ao Mozarteum e à Chorakademie Lübeck por acreditarem em meu potencial”.