Série #NossosTalentos | Noite das Estrelas Eder Grangeiro, violino
Dias 8 e 9 de outubro, na Sala São Paulo, o Mozarteum encerra sua programação de 2018 com os concertos Noite das Estrelas. Em cena, acompanhados da Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro, sob regência de seu maestro titular, Carlos Moreno, estarão 12 jovens solistas brasileiros com carreiras promissoras, que em algum momento foram impulsionadas pelo Mozarteum. Vale a pena conhecê-los: são novos talentos que despontam inclusive na cena internacional, comprovando a potência musical brasileira.
Talvez influenciado por Bach, seu compositor preferido, Eder Grangeiro costuma conduzir o público àquelas dimensões transcendentais, cada vez que realiza um solo de violino. Nascido na cidade paulista de São José dos Campos, em 6 de junho de 1991, Eder tem uma vida musical super ativa. É participante assíduo do festival Música em Trancoso, onde participa de aulas e espetáculos. Costuma brilhar nos concertos de música de câmara do festival, dedicados aos músicos brasileiros que, durante o evento, frequentam as masterclasses com mestres internacionais. Nos concertos de Noite das Estrelas, Eder toca o Gran Duo Concertante para Violino e Contrabaixo, do compositor italiano Giovanni Bottesini, em companhia do contrabaixista Julio Nogueira, seu colega na Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro.
Momento atual:
“Sou um dos spallas da Orquestra Sinfônica de Santo André, também da Camerata Fukuda e da Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro.”
Olhando o futuro:
“Espero consolidar minha carreira nas principais orquestras do Brasil e continuar como solista, apresentando os grandes concertos para violino.”
Violino por toda a vida:
“Comecei a estudar violino aos sete anos, quando meus pais colocaram os três filhos para estudar música clássica, cada um num instrumento. Desde então, me dedico totalmente ao violino, com a música sustentando minha família e meus estudos. Deus me proveu sempre, consegui evoluir em meus estudos, profissionalmente e culturalmente. Não foi necessária uma decisão para seguir a carreira de violinista, ela fluiu à medida que fui me desenvolvendo.”
Compositor preferido:
“Bach está acima de todos os gênios da música. Não é à toa que os grandes compositores o admiravam e aprenderam com ele. Para mim, as sonatas e partitas para violino solo de Bach são como uma meditação, uma contemplação da alma de Deus.”
Ser músico no Brasil:
“O Brasil ainda está longe de reconhecer o músico. A crise econômica em que os últimos governos nos deixaram acabou piorando o investimento em cultura e diversas orquestras foram fechadas por falta de visão dos governantes. Em São José dos Campos, minha cidade natal e uma das mais prósperas do Estado de São Paulo, não existe uma orquestra sinfônica. Mas o problema não é puramente político e sim primordialmente cultural. Não existe o costume de se financiar talentos ou de estimular as artes. O Mozarteum é uma das raras esperanças aqui no Brasil. Mesmo assim, gosto muito do nosso país e vou continuar contribuindo, na medida de minhas capacidades, para fomentar a boa cultura.”
Um momento especial:
“Quando toquei como solista do Concerto em Lá Maior de Mozart, com a Orquestra Sinfônica de Santo André, foi um momento muito especial. É um concerto belíssimo e fundamental para o repertório de todos os violinistas do mundo.”
Violino, amigo fiel:
“Tenho que estudar bastante todos os dias, pois sou muito ativo no meio musical e preciso estar sempre preparado para repertórios diferentes. Me apego muito aos meus violinos, tanto é que não consigo vendê-los depois que compro um mais caro. No momento uso um violino de autor desconhecido, talvez alemão ou tcheco, fabricado há mais de 100 anos.”
Noite das Estrelas:
“Os espetáculos Noite das Estrelas são muito importantes porque levam boa música às pessoas através de jovens que estão construindo suas carreiras. São iniciativas como essa que motivam o músico, para continuar se desenvolvendo nesse maravilhoso mundo musical.”
Toque italiano:
“O Gran Duo Concertante, de Bottesini, que tocarei em Noite das Estrelas junto com o contrabaixista Julio Nogueira, é uma peça bem virtuosística e com caráter bem italiano. Difícil não se lembrar de ópera enquanto se escuta esta música. Quem tem família italiana vai se sentir em casa.”
Na Alemanha e em Trancoso:
“A bolsa de estudos que ganhei do Mozarteum para participar em 2017 do Collegium Musicum de Pommersfelden, na Alemanha, me proporcionou uma imersão na cultura europeia, berço da música ocidental. Estar nestes grandes centros da música nos dá a oportunidade de crescer como artista, adquirir conhecimentos e trocar experiências com músicos de tantos outros lugares, o que é fantástico. Também tenho participado do Música em Trancoso, que é um alento para a alma. Este festival nos permite passar uma semana com músicos internacionalmente relevantes, num lugar paradisíaco.”
Experiência com o Mozarteum:
“O Mozarteum tem contribuído muito com minha carreira porque torna meu trabalho mais conhecido e por me permitir estudar e trabalhar com grandes mestres da música. Cada programa com o Mozarteum é um acréscimo de cultura e arte em minha vida.”