Piano
Uma formação musical rara, que proporciona uma festa aos sentidos
Quatro pianos de cauda dispostos no palco, tocados simultaneamente por virtuoses que sempre surpreendem o público.
Além da sedutora música do compositor norte-americano George Gershwin (1898-1937), os quatro pianistas do grupo suíço Gershwin Piano Quartet também interpretam ícones da música clássica, assim como autores de dimensão popular, como Cole Porter e Leonard Bernstein – cujas canções e danças do filme West Side Story estão incluídas no programa desta terceira temporada do grupo no Brasil.
Fundado em 1996 por André Desponds, o Gershwin Piano Quartet firmou-se no cenário internacional da música como um conjunto raro, marcado pela inovação musical e cênica. Hoje, além de Desponds, o quarteto é formado por Stefan Wirth, Benjamin Engeli e Mischa Cheung.
No palco, eles não usam partitura. Segundo Desponds, para conferir liberdade ao jogo de cena natural, que se estabelece entre os quatro. “Sem as partituras podemos olhar um para o outro, ficamos mais livres, mais flexíveis”, disse Desponds em entrevista concedida ao portal do Mozarteum (leia a íntegra em www.mozarteum.org.br).
O desafio de quatro pianistas que tocam ao mesmo tempo é enfrentado com desenvoltura por Desponds, Wirth, Engeli e Cheung, que incluem em suas atribuições a composição, a arte da improvisação e de fazer arranjos. “Somos pianistas que sabem fazer muitas coisas”, afirma Desponds.
— Pensamos muito na forma de tocar, temos dois pianos à esquerda e dois à direita do público – explica o fundador do grupo. Os pianos da esquerda ficam abertos, têm a tampa aberta, como se faz normalmente. O som reflete na tampa e é direcionado diretamente para o público. Já os pianos da direita ficam com as tampas fechadas e por isso o som é mais espalhado, menos claro. Os pianos da direita tocam mais o acompanhamento e os da esquerda a melodia, a parte importante, alternando um com o outro. Quando tocamos, mudamos de lugar a cada trecho do programa, assim o público que está à direita ou à esquerda vê cada pianista pelo menos uma vez. Não é tão simples fazer com que quatro pianos toquem harmoniosamente ao mesmo tempo.
Solos dos integrantes do quarteto também fazem parte das apresentações, dando ao público a oportunidade de conhecer a personalidade artística de cada pianista.
Ao contrário de formações mais comuns como as de instrumentos de cordas, o quarteto de pianos é raro na música clássica. O fato soma originalidade à arte do Gershwin Piano Quartet que, por afinidade, decidiu colocar em foco a versátil obra do compositor norte-americano, sem deixar de interpretar outras obras do repertório clássico e mesmo popular.
O repertório atual do Gershwin Piano Quartet inclui, além de Gershwin, obras de outros compositores, com alguma ênfase em Rachmaninov, Prokofiev e Stravinsky (contemporâneos de Gershwin e que reforçam a origem do compositor norte-americano, filho de pais russos). Autores como Cole Porter (1891-1964) estabelecem a ponte com a cultura popular norte-americana, da qual Gershwin faz parte, por ter concebido uma obra que se insere tanto no universo clássico, quanto nos musicais da Broadway e no jazz.
Desde sua fundação, o Gershwin Piano Quartet tem se apresentado em concertos e festivais na Europa, América do Sul, China e Oriente Médio, com grande sucesso de público e crítica.